Em maio de 1989, o professor de Educação Física da UFSM, João Carlos Cechella, com 34 anos, era beneficiado por um transplante de coração realizado no Instituto de Cardiologia de Porto Alegre. Segundo os médicos, o órgão lhe daria pelo menos cinco anos de sobrevida, conforme os parâmetros da época.
Ontem, 25 anos após a operação, foi dia de celebração à família e amigos do homem que contrariou às regras e se tornou o dono do coração transplantado que pulsa há mais tempo no Rio Grande do Sul e o segundo no Brasil. Cechella não apenas se tornou referência como pai, avô e marido, mas também àqueles que, como ele, buscam na solidariedade a possibilidade de continuar vivendo.
O almoço, no Park Hotel Morotin, reuniu dezenas de amigos e familiares de Cechella, 60 anos. Uma comitiva com cerca de 20 transplantados do Instituto de Cardiologia vieram da Capital para celebrar com ele.
_ O João Carlos nos traz esperança de novas expectativas de vida _ conta Nelson Khalil, 55 anos, transplantado há três.
Uma segunda homenagem partiu do filho, Felipe Cechella. O compositor criou uma música especialmente em homenagem ao pai. A Voz do Coração foi tocada por cinco músicos da Orquestra Sinfônica de Santa Maria que entoaram melodias suaves e emocionantes, levando os amigos e familiares às lágrimas.
_Todos aqui estão de aniversário pelo seu transplante, pois todos foram diretamente beneficiados por ele _ ressaltou o filho.
O almoço foi seguido de muitas emoções e palavras de fé e persistência, em que um homem incentivador da doação de órgão contrariou os parâmetros e mostrou o que para ele é o significado da vida:
_ Não preciso de carros luxuosos ou casas gigantes. Desde o dia em que fui transplantado aprendi a perceber os pequenos detalhes, os pequenos gestos, as grandes amizades e o amor deles e da família. É isso que me motiva _ conta Cechella.
Do transplante a superação
Há 25 anos, diagnosticado com miocardiopatia congênita dilatada, Cechella foi internado no instituto após pelo menos três paradas cardíacas. Em 15 dias, ele foi beneficiado e um transplante de coração mudou sua vida. Na época, também voltou a dar aulas na UFSM, onde conheceu a atual esposa, Leda Cechella, 50 anos. Hoje, é avô e se aposentou das atividades curriculares. Ele afirma que segue as recomendações médicas, realizando exames de rotina pelo menos uma vez ao mês:
_ Depois dos primeiros cinco anos, os médicos disseram que, a partir daquele momento, não sabiam quanto tempo meu coração iria durar. Agora estou aqui, celebrando a vida.
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